A importância da mulher no tradicionalismo foi tema de debate na Casa do Gaúcho, na noite desta segunda-feira (27.03). O evento promovido pelo CTG Rincão da Lealdade, em parceria com a 25ª Região Tradicionalista, trouxe histórias de sete mulheres em uma roda de chimarrão.

Participaram do debate a conselheira do MTG e integrante do Conselho Cultural da Região, Odila Paese Savaris; a vice-patroa do Rincão, Vera Regina Comandulli; as instrutoras de danças tradicionais Cristina Pasquali, Priscila Pereira e Monique Mallmann; a intérprete vocal Luisa Cavalheiro; e a cantora e avaliadora técnica Tatiéli Bueno.

Odila Savaris comentou sobre a polêmica do machismo do gaúcho, a qual Tatiéli aprofundou o assunto. “Nossa cultura é muito masculinizada e, às vezes, existe uma barreira quando entro em contato com algumas produtoras por eu ser mulher”, revela a cantora.

Luisa, que se apresenta em festivais e rodeios como intérprete vocal, também já escutou frases machistas. “Chamaram minha atenção porque eu não podia cantar certas músicas por ser mulher”, lembra. E Tati colocou sua posição sobre esses comentários no meio artístico. “Uma letra pode ser interpretada de várias formas. A mulher pode dar a visão e o sentimento próprios, diferente do homem, em uma canção. Mas isso ainda vai um longo tempo para desmistificar”, complementa.

Apesar das dificuldades, muitas das mulheres que deram seu depoimento afirmaram não sofrer nenhum tipo de preconceito dentro das entidades. “Eu me sinto valorizada desde que comecei a atuar no meio tradicionalista”, conta dona Vera, 66 anos, emocionada. Ela faz parte da história do CTG Rincão da Lealdade. Desde 1963, compôs a patronagem e as invernadas artísticas, casou e formou família, e hoje “é uma referência” para os demais integrantes, como lembrou a instrutora de dança Cristina.

Alice Pellizzoni/ Posteira da Comunicação – 25ª RT